sábado, agosto 23, 2008

Não é que precisem de saber, mas vou tirar uma semana sabática...







Para quê? Para me deliciar com muitos livros, alguma escrita para os meus alunos de património histórico e artístico e...muita praia, mar e bué da peixe!
Vou ali...e volto quando quiser. Topam?
JA

Ex-maoistas e os J.O. de Pequim


Os maoistas portugueses sonhavam com uma China imune ao capitalismo Hoje, vituperam-na porque, aderindo ao capitalismo, mantém o totalitarismo do partido único e o desprezo pelos Direitos do Homem, algo que para eles, maoistas portugueses, na altura não passava de pruridos burgueses.
Já a posição do PCP é também curiosa: detestavam a China porque a China detestava a Rússia. Hoje detestam a Rússia, mas fizeram as pazes com a China, não porque a praxis chinesa entrasse em consonância com as teorias do PCP, mas porque a China assenta numa pujança económica, invejável para quem se proclamava do ideário comunista. Haverá outras razões mais vulgares e circunstanciais, mas esse é o caminho que não quero percorrer.
Os Jogos Olímpicos são uma lição de hipocrisia, onde se batem recordes de ausência de ética, com a real politik com direito a muitas medalhas de ouro. Que querem? A política já é instrumento da economia e não o contrário.
Os ex-maoistas preferem hoje a economia à ideologia. Estão consonantes, não com o seu tempo de combate e esperança, mas com o seu tempo de importância social e indisfarçável bem estar económico. Tam´bém se cria barriga na alma.
E quem os pode condenar? Ninguém, a não ser eles próprios quando se miram ao espelho.
O João Carlos Espada perdeu a memória. Dirá que foi na estrada de Damasco. O José Manuel Fernandes sofre de amnésia. Dirá que foi devido ao olhar fulminante de Belmiro.
Ao menos oPacheco Pereira faz o seu exorcismo, intelectual perdido no seu próprio labirinto, tentando descobrir, qual Santo Agostinho, os caminhos do mal do maoismo e do seu caminho, coleccionando livros, revistas, programas e perfis, como borboletas secas no museu da história, elaborando, para tanto, um catálogo exaustivo e demorado das várias e algumas raras espécies de maoismo. Tem tempo e muita inquietação intelectual, se não, diria que esta descida às cavernas do embuste, tinha algo de mórbido.
Regressando aos Jogos Olímpicos: na Grécia representavam a expressão da cidadania, da polis; em Pequim, a expressão total do Estado. Aqueles eram o culto à liberdade; estes, o hino à economia.
Quando um povo não é livre, como é o caso do povo chinês, os seus Jogos Olímpicos não podem ser livres, ainda que aceites e participados por países livres e outros menos livres ou mesmo não livres, em nome de interesses que ultrapassam o princípio universal da Liberdade e o ideal olímpico do desporto, um momento e espaço de paz em tempo de guerra.
Rogério Rodrigues

Mulheres emigrantes

Mulheres férteis, como elas caminham pelos caminhos secos!
De pernas robustas e seios amplos, de mãos fortes, transportam pesos antes de anoitecer.
Falam que ninguém as entende. São de outro tempo. Mulheres férteis e parideiras, na quietude das montanhas. À noite, suadas, regressam a casa. Sem alegria, mas pedaços de carne aos gritos que o cansaço amortece.

Revoltas no tempo, continuam férteis, mas já usam óculos de sol, roupas justas e adivinham e provocam o prazer da sedução nas esplanadas. Já são outras, sendo as mesmas. Já carregam sacos plásticos de supermercado, à falta de outros pesos: a merenda para a segada, o cântaro para a água. Só as mãos continuam rudes e ásperas, mesmo quando cobertas de anéis. Anos a lavar escadas e roupa em urbes estranhas e longínquas. Femmes de ménage.
Mas são mulheres férteis, ainda que depiladas e com idas ao cabeleireiro. A terra já lhes e os áridos caminhos foram substituídos por áridas e negras estradas. Já não se lavam no rio, e já foram à praia.
Mulheres férteis do meu país, corpos espessos e pesados, no meu imaginário de criança.
'Ó virgens que passais ao sol poente/ pelas estradas ermas a cantar.'
António Nobre já não mora aqui.
Desenvoltas, as mulheres do meu país apreciam mais o Tony Carreira e Quim Barreiros e enternecem-se com os filhos a falar o francês dos pobres, aprendido nas periferias de Paris.
Melhor as férteis que as fúteis. E ei-las que partem reconciliadas com o passado porque já o esqueceram.
Rogério Rodrigues

Suplica ao Vento

Súplica ao Vento



Ao vento, no crepúsculo ao vento
os lugares mudam-se para outro lugar
rápidos sinais de que precisamos de partir.

Ao vento, roupa branca ao vento
quem nos dera regressar à nudez dos puros
com o corpo feito para a eternidade
incorruptível e belo.

Ao vento, grão a grão que se levanta o vento
lágrimas secas de quando anoitece.

Ao vento, sossega o vento que a noite é longa
e os restos do dia ainda não chegaram à praia.

Ao vento, que quer tempo a correr
mais depressa que o vento.

Ao vento, amores de passagem
como se passar não fora ficar.

Ao vento, a memória parada
como pedra triturada pelo vento
mármore de mão translúcida
frescura de afago sem aroma que o vento leva.

Ao vento, criaturas de deus oculto
de som sem eco e secura sem alívio.

Ao vento, nesta noite em que choramos
com o incêndio que alastra, abrasa
e queima e fulmina, ao vento implora:
pára, por favor pára que quero recolher as cinzas.

Pedro Castelhano

Em Agosto...."A Maria Silenciosa".


Roubei este titulo ao jornalista do Expresso, Filipe Santos Costa, que, num trabalho inteligente e criativo, faz um "calembour" notável com a Maria e a maioria...
Interroga-se o jornalista, e bem, como é que nenhum líder antes dela, Manuela Ferreira Leite, tenha pensado : "Um líder da oposição que não fala."
Castro Almeida, ex secretário de estado da educação de MFL, ao tempo em que ela foi ministra de Cavaco Silva para a educação, atribui-lhe, a ela, esta "pomposa, quanto eloquente" frase:
"Se uma pessoa tem duas orelhas e uma boca é porque deve ouvir o dobro do que fala."
Aí está a líder do maior partido da oposição, MFL, em linha com os nossos puritanos da blogoesfera que se surpreendem pela "excessiva produção" dos nossos bloguistas e por um excesso de falatório, ruídos e incompetências, violando a regra sagrada do silêncio sabático a praticar no mês "canicular", que é o Agosto.
Aprendam, pois, com MFL, que é competente, de boas famílias e senhora do seu nariz, com um ética incontornável e que se remete (vá-se lá saber porquê...), segundo membros da sua tribo partidária, a um estrondoso, inconsequente e ineficiente "silêncio".
José Albergaria

Em Agosto...postes mil 6.


"NADA FAZ REALÇAR MAIS A AUTORIDADE DO QUE O SILÊNCIO, ESPLENDOR DOS FORTES E REFÚGIO DOS FRACOS."
Charles De Gaulle, estadista e militar francês
JA

Em Agosto...postes mil 5.


"O SILÊNCIO É UM DOS ARGUMENTOS MAIS DIFÍCEIS DE REFUTAR."
Josh Billings, humorista americano
JA

Em Agosto...postes mil 4.


"O SILÊNCIO É O PARTIDO MAIS SEGURO DE QUEM CONFIA EM SI MESMO."
François de La Rochefoucauld, escritor francês
JA

Em Agosto...postes mil 3.


"É MELHOR TER A BOCA FECHADA E DEIXAR OS OUTROS PENSAREM QUE SOMOS TONTOS, DO QUE ABRIR A BOCA E ACABAR COM A DÚVIDA."
Mark Twain, escritor e jornalista americano
JA

Em Agosto...postes mil 2.


"O SILÊNCIO É A VIRTUDE DOS TOLOS".
Francis Bacon, filósofo inglês.
JA

Em Agosto...postes mil 1.


" O SILÊNCIO É UM AMIGO VERDADEIRO QUE NUNCA TRAI".
Confúcio, pensador chinês
JA

sexta-feira, agosto 22, 2008

Da superioridade moral...na blogoesfera.

Sendo novato na blogoesfera, sendo mesmo incompetente (ou com poucas competências...), NUNCA me interroguei sobre o por quê das coisas, ou porque é que as "pessoas" escrevem, postam pensamentos, desenhos, música, opiniões, dislates, vitupérios e, aqui e acolá, até insultos e ofensas.

Já escrevi sobre o que penso disto.

Escrevo, em bom rigor, primeiro em o MAPRIL e, agora, aqui, em o AQUEDUTO LIVRE vai já para quase três anos.

Isto não me dá nenhum tipo de estatuto, nem sequer qualquer tipo de autoridade ou singularidade. Escrevo porque me apetece, porque me dá prazer e, como dizia Lenine, tenho prazer em ver-me publicado.

Mas ele há internautas que se publicam em publicações académicas, em jornais, em revistas e, talvez por isso, a sua "compulsão" para o bloganço tenha outras motivações. Entendo isso.

Agora tentarem fazer teoria, ideologia, até regras para o espaço libérrimo da blogooesfera...vai um passo de gigante.

A mim sempre me incomodaram os moralistas, os puritanos...então, esses, abomino-os! E logo que topo um certo auto convencimento misturado com uma espécie de "superioridade moral"...aí fico mesmo em brasa.

Na blogooesfera, como em tudo na vida, cada um come do que pode e como pode.

Se deixou de gostar...só me parece haver um caminho: mudar de restaurante!

Depois...tiques elitistas! passo-me dos carretos.

Porque não se fala disto? Porque não se enfoca desta maneira?Porque é que a blogoesfera é do povo e não dos ungidos?Porque é que os "indigentes" intelectuais também têm blogues e "arrotam" postas, ou postes, de pescada?

Eu, meus caros superiores e moralistas, escrevo porque me apetece, quando me apetece, comento, aqui e acolá (cada vez menos...porque me tenho sentido "não bem vindo!").

A DEMOCRACIA é mesmo o PODER do Povo, de TODOS...e não só de alguns. A blogoesfera coloca-nos nesse território da UTOPIA.

Ele há quem não tenha percebido tal coisa!

É pena!

Eu, por mim, nesta questão, estarei SEMPRE ao lado do POVO!

José Albergaria

Verdade, mentira e truques no desporto olímpico...


Segundo noticia o periódico El pais, o Comité Olímpico Internacional instou a Federação Internacional de Ginástica para averiguar a "verdadeira" idade das ginastas chinesas que se encontram na foto e que foram medalhadas em Beijing.
Apareceram discrepâncias em público quanto à verdadeira idade das ditas ginastas.
As normas olímpicas exigem que as ginastas perfaçam 16 anos durante o ano olímpico.
Sobre esta situação terão sido veiculadas informações sobre as ditas ginastas apontando para uma realidade etária diversa: há quem sustente que terão menos de 14 anos.
O COI e a Federação Internacional de Ginástica estão a averiguar.
Até prova cabal e em contrário, as ginastas e a Federação Chinesa de Ginástica presumem-se inocentes...
JA

quinta-feira, agosto 21, 2008

Nelson Evora: da Costa do "Marfim" para o "Ouro" em Beijing!

Que seja d'ouro.
Nelson Évora será sempre campeão.
Este atleta é feito daquela massa e nervo com que se fazem os campeões.
Parabéns.
JA

NB - Sem querer puxar a costela clubística...o Benfica já leva, esta ano, duas medalhas olímpicas.

O Património histórico e artístico: o saque e o vandalismo.


Desde as campanhas napoléonicas ao norte da Europa, à Itália, à Mesopotâmia, ao Egipto, passando pelas campanhas hitlerianas na segunda guerra mundial e, recentemente, a invasão do Iraque pela coligação USA/UK que a questão do "direito" de saque sobre o património artístico dos países ocupados e dos povos dominados se coloca na "ordem do dia".
Mas nunca como durante a revolução francesa e sob o directório esta questão foi tão debatida. Os "revolucionários" argumentava que a República era o "sétimo céu" a excelência dos regimes, e Paris a "nova Atenas" para onde deviam "viajar" todos, ou os que se acha por bem, os exemplares do génio antigo , do renascimento e já algum produzido pelas Luzes (então ao trabalho).
Uma voz, em França (Schiller também; e Goethe de igual modo), uma única e sonorosa voz se levantou contra essa "gula": Quatremére de Quincy. Este realista, sempre a ponto de ser guilhotinado, em pleno terror, ousou questionar o que políticos, militares e vultos da cultura defendiam então: trazer o que de belo foi feito para o Museu Universal (hoje. Louvre).
A discussão foi deveras sinuosa e complexa. Mas o que a história reteve é que a França (os seus políticos e militares) saquearam os Paises Baixos(sobretudo a Bélgica e trouxeram para Paris quase tudo os que os flamengos produziram), saquearam o Egipto, a Mesopotâmia, a Grécia e a Itália (particularmente, Roma).
Quatremére de Quincy, em sete cartas dirigidas ao seu amigo e classicista Miranda, um hispânico de alta erudição sustenta a sua indignação e as suas teses, particularmente no que diz respeito ao saque feito na Itália.
Na primeira carta cita, profusamente, Polibio, o historiador romano, que zurze nos seus contemporâneos e o fez do modo seguinte, e cito: "Se os romanos, no seu sistema de conquista das nações, só lhes tivessem subtraído o ouro e a prata, eles não seriam criticáveis; porque, para controlar esses povos era preciso retirar-lhes os meus de resistirem. Mas para todas as outras coisas, seria mais glorioso deixar-lhes onde elas estavam, mesmo com o desejo que elas provocavam, e colocar a nossa pátria, não na abundância e na beleza desses quadros e estátuas, mas na severidade dos costumes e na nobreza dos sentimentos. De resto, desejo que os conquistadores futuros aprendam com estas reflexões a não esvaziarem as cidades que eles submeterão e a não utilizarem as calamidades cometidas sobre os outros como ornamento da sua pátria." Este pedaço de prosa é retirado, ou foi retirado, da História da República Romana, livro IX de Políbio.
Este é o programa que Quatremére de Quincy vai desenvolver para fustigar os saqueadores de século XIX, os seus contemporâneos e os seus compatriotas.
Vale a pena ler esta sete cartas, que pode bem ser um Manifesto para a preservação, a defesa e qualificação não só do Património das Nações, mas daquele outro que HOJE é considerado MUNDIAL, pertença da Humanidade. Devemos isso, em meu bom entender, a este enorme francês, realista, reaccionário como se diz ainda, mas com uma visão de progresso e de futuro que poucos, à época defenderam...com risco da própria vida.
Leiam estas cartas`a Miranda escritas (mas sem nunca terem "obtido" resposta: é um mistério bem guardado...), porque ler faz bem à saúde e torna-nos melhores, como pessoas e como cidadãos.
José Albergaria

Neste mundo tão cinzento e perturbador...uma BOA noticia.


O diário de referência El Pais noticia que a Unesco e a Fundação Aga Khan vão patrocinar o inicio dos trabalhos, com especialistas de vários países, para a construção de um Museu subaquático no porto este de Alexandria, a norte do Cairo, de modo a desenharem o projecto financeiro e o projecto técnico - para se poder visitar os objectos, embarcações, estátuas, etc, depositados no fundo do mar - sem necessitarmos de os deslocarmos para a superfície. É um projecto revolucionário que recoloca a discussão sobre a importância de não "arrancar" ao seu habitat as peças históricas que contam a aventura humana: a boa, a positiva e a predadora.
Neste Agosto nem só de "más" ou inquinadas noticias vivemos nós.
JA

terça-feira, agosto 19, 2008

Perspectivas da Guerra Civil.


Ando de volta dum livro interessante quanto perturbador.
Já, praticamente, toda a gente escreveu sobre ele: Mário Vargas Llosa, Rui Bebiano, João Barrento....e etc.
Mas, ainda assim, arrisco-me a postar o meu comentário de leitura deste livro com um titulo fortemente ambíguo
Hanz Magnus Enzensberger é alemão, é poeta, é velho e escreveu um livro impressivo sobre a devastadora guerra molecular, civil (só porque não é praticada por militares...) que, coincidindo com a implosão do império soviético -adquiriu expressões e libertou energias inauditas, devastadoras, praticadas por perdedores (qualquer tipo que possamos ou queiramos imaginar: apoiantes dum clube de futebol, tribo, grupo, etnia, militantes partidários, grupos com preferências sexuais...)e em qualquer território ou geografia física, cultural, religiosa e humana e sem precisarem de ideologias ou de justificações....
Retiro do livro uma passagem que vale um tratado:
"Outra tentativa de explicação, a mais deprimente de todas, tem a ver com o crescimento desmedido da população mundial. Já em 1950, Hannah Arendt tinha avançado a ideia de que a a facilidade com que os regimes totalitários haviam conseguido impor a sua lógica assassina estaria relacionada com este rápido crescimento e consequente perda de território e pátria por parte das massas que, em termos de categorias utilitárias, se tornam de facto «supérfluas». É como se o valor atribuído à vida humana, própria e alheia, decaísse à medida que aumenta o número de habitantes da Terra.
Não é fácil compreender esta ideia. No entanto, não são necessários dados estatísticos referentes à migração e aos refugiados, para ver como o planeta se tornou pequeno. É algo que está diante dos nossos olhos, todos os dias. A permanente visão dos desempregados, dos sem-abrigo, da decadência das megalópoles, dos navios e campos de refugiados a abarrotar vêm mostrar ao inconsciente que já somos demasiados, e a reacção cega a este facto é psicótica - começamos a matar indiscriminadamente os que nos rodeiam."
Veja-se a "guerra" travada na Geórgia, compagine-se as declarações dos responsáveis russos e georgianos e percebe-se o alcance deste pedaço dum livro que foi escrito em 1993 e, em minha opinião, não perdeu qualquer tipo de consistência de análise e de actualidade.
A ler: imperdível.
JA

segunda-feira, agosto 18, 2008

Que seja de Prata: Vanessa Fernandes será sempre campeã!

É desta massa e desta fibra que se fazem campeões.

Vanessa Fernandes devia, obrigatoriamente, ser "estudada" por todos quantos têm responsabilidades no desporto luso.

Para quê?

Para perceberem como se trabalha (veja-se a dupla espantosa que faz com o pai, o "velho" Venceslau Fernandes...): como com ciência e disciplina aplicados ao talento que é Vanessa Fernandes...dá sempre RESULTADOS!

Antes dela tivemos a Rosa Mota, o Carlos Lopes e o fenómeno Fernando Mamede.

Aqui bem perto temos a Espanha que explodiu em termos desportivos...e de resultados. Como?

Porque é que o nosso inefável e mefistófilo secretario de estado do desporto não vai estagiar com o seu homólogo, para nos trazer a resposta?!...

JA

domingo, agosto 17, 2008

A cerâmica chinesa: o sistema económico, os direitos dos trabalhadores...o paraíso!






















A RTP2, hoje, em horário nobre, passou uma reportagem, a vários títulos, eloquente e interessante.

Um produtor francês de Armagnac, da Borgonha e de vinhos franceses entrou no mercado chinês faz quase quinze anos.

Exportava o seu Armagnac e o seus vinhos para o imenso mercado chinês, mas não podia trazer as mais-valias financeiras realizadas para França.
Dedicou-se então a comprar, a importar para França, móveis antigos, rusticos, que decoravam e ocupavam pequenas casas de pequeno-burgueses fustigados pela revolução cultural (uns mortos; outros expatriados) - cujas casas foram abandonadas. Umas foram ocupadas por empréstimo. Outras foram mesmo "apossadas" em definitivo.

Estes móveis tradicionais, lacados, decorados com desenhos notáveis, estão a ser "comprados" e retirados das casas modestas, de bairros tradicionais das grandes urbes (a desaparecerem) e restaurados por uma pequena empresa chinesa, cujos 20 marceneiros especializadíssimos não têm mãos a medir: o mercado francês "engole" toda a produção.

Outro momento ímpar da reportagem: uma visita do nosso "franciú" a uma empresa de cerâmica tradicional. Começa por nos dizer que a visita é excepcional, porque os modelos que ali se fazem são monopólio dos clientes e não podem ser mostrados na fase de fabrico; as técnicas tradicionais aí utilizadas (a moldagem; o banho no caulino - o que lhe dá aquela brancura singular depois da cozedura; e os desenhos...) são guardados como segredos de estado. Os trabalhadores trabalham das 8,00h da manhã até às 22,00h. Têm duas horas para almoço e duas para jantar. Qualquer das refeições é por conta do patrão. Tem bilhar e televisão para se divertirem. Descansam ao domingo e acumulam, por cada mês de trabalho, dois dias de férias. Dormem em camaratas de vinte trabalhadores (homens e mulheres apartados; não há casais). Ganham o equivalente a 150,00€ por mês. Cada peça de cerâmica vende-se no mercado dos USA e na Europa a quarenta vezes o preço a que ela sai da fábrica!
O "patrão" chinês diz que não á ambicioso, mas que sonha com acrescentar NOVOS desenhos e padrões à sua cerâmica. Diz que o mercado é que manda. Neste momento tem 300 trabalhadores e expecta, no final do ano (pressão do mercado exige...) ter cerca de 2 000 concentrados no complexo fabril...que recorda o século XVIII e XIX europeus!...

O nosso "franciú" à medida que a câmara nos vai mostrando isto tudo, as condições de trabalho e vida dos trabalhadores - tem um comentário espantoso: "Em França já tivemos estas condições. Agora já não. Os chineses também deixarão de ter estas condições..." Quando? E a China não é comunista? Não são os trabalhadores que estão no poder? Não é a ditadura do proletariado?

Reportagem imperdível. Sugestão: deveria ser passada, também, na "escola de quadros" do PCP e discutida pelos "camaradas" Ruben de Carvalho e Vítor Dias, que, por estes dias, têm louvaminhado os sucessos e o bem fazer dos chineses e da China!

José Albergaria

Rafa d'ouro!

Numa final olímpica, quase sem história, o "menino" de Palma de Maiorca, levou o OURO para casa, consagrando-se , de facto e sem sombra de contestação - como o MELHOR do Mundo!

O chileno Gonzalez, o terramoto, ainda se bateu, bravamente, no segundo set. Mas, no "tie break", não teve argumentos para um super-confiante Rafael Nadal.

O terceiro set foi quase um "passeio" para o espanhol. Em três set's e o OURO estava no colo de Rafael Nadal.

Os heróis e os campeões fazem-se desta "massa", de muito trabalho, bastante sacrifício e de talento natural.

JA

Para Portugal, em Beijing, já cá cantam oito medalhas de ouro!


Portugal anda cabisbaixo, sorumbático, derreado, exausto. Porquê? Ora, pois, bem, talvez, pode ser...pelos resultados dos nossos atletas olímpicos: um desastre e, ainda por cima, com explicações esfarrapadas, inatendíveis, obscenas mesmo.
Mas, desenganem-se, meus bons leitores. Estamos a viver uma espécie de erro de paralaxe!
Pelas minhas contas, contando só com as medalhas obtidas pelo "portuguesissimo" Michael Phelps - já cá cantam oito e de "gold". Não acreditam? Então eu conto.
As razões, dizem os entendidos, para as performances desta "aberração" da natureza são duas.
Uma, menor, as características da piscina que os chineses inventaram; a segunda, a decisiva, a mais importante, o fato, os famosissimos LZR da Speedo, patenteados em Portugal e feitos, por medida, na fábrica de Paços de Ferreira, a PETRATEX!
Este feito resulta duma parceria da Speedo, NASA e o Instituto Australiano do Desporto. Estes fatos não têm costuras e procuram ganhos biomecânicos significativos ao desempenho dos nadadores.
Julgavam que eram mangação?!
Desenganem-se.
Por via dos LZR da Speedo, fabricados na capital do móvel, Portugal, por industria intreposta - já cá cantam oito medalhas de ouro!
JA

"A bomba chinesa"


Em tudo quanto é jornal, revista, blog, televisão, rádio, agência noticiosa, a cavalo nos Jogos Olímpicos de Beijing, tal qual enxurrada, os números publicados sobre a China são esmagadores.
Neste momento, os atletas chineses somam mais medalhas de ouro que os seus seguidores dos USA; o império do sol nascente tem o maior número de internautas: 253 milhões; em 2009 a China vai ultrapassar a liderança centenária dos USA na produção de bens manufacturados.
Estes números e outros correlatos poderiam insinuar que a China se encontra numa via imparável e incontestada.
Nada mais enganador.
Precisamos de olhar para o que, em principio, é a força estratégica deste império: a demografia.
Cerca de 100 milhões de chineses tem , hoje, mais de 6o anos; em 2050 terá cerca de 335 milhões. Destes, 100 milhões terão mais de 80 anos. A maioria esmagadora dos chineses, se não a sua totalidade...não tem segurança social. Estamos a falar de centenas de milhões de pessoas: a demografia é, e será, a bomba ao retardador e invisível na China!


JA

PS - A foto de nus é da autoria do célebre fotógrafo Spencer Tunick.

sábado, agosto 16, 2008

"A thing of beauty is a joy forever"











Na morte do neto do fundador da marca italiana "PININFARINA", Andrea Pininfarina, o embaixador José Cutileiro num rasgo, que lhe é habitual recorda o poeta inglês Jonhn Keats, para legendar a obra desta dinastia italiana, já na terceira geração de criadores excepcionais: "Uma coisa bela dá alegria para sempre".

Em 1930, o avô de Andrea, Battista Farina, mas de alcunha "Pinin" decide, além do mais, assimilar o alcunha ao nome de família e os seus descendentes serão os PININFARINA's.

A Itália, com uma classe politica pouco fiável, com umas forças armadas inconsequentes, mal armadas e pior dirigidas, tem encontrado nas suas "MARCAS", made in Italy o anverso daquelas realidades.

O rol de marcas mundiais (Fiat, Ferrari, Maserati, Alfa Romeo, Benneton, Gucci, etc., etc., etc.), roupas, calçado, vinhos, azeite, pastas, vinagres, designer, arquitectura, hoje menos, mas ainda assim, literatura, música, cinema, teatro (Picolo Teatro da Milano, por exemplo) colocam a Itália no topo do mundo.

O infausto acidente que vitimou Andrea Pininfarina, no passado dia 7 de Agosto, pelas oito horas da manhã, nos arredores de Turim trouxe para a ribalta noticiosa esta realidade.

Mas que fique, como legenda e epifania, os versos de John Keats para o último grande representante da dinastia italiana dos Pininfarina: "A thing of beauty is a joy forever".


JA

Obama e Hilary de acordo: em Denver, os delegados de Clinton poderão votar na senadora.

Em Denver, na Convenção dos Democratas o senador Barak Obama esteve de acordo com Hilary Clinton para que o nome da senadora de Nova York figurasse nos boletins de voto. Assim, segundo o diário espanhol El Pais, estará garantida a unidade dos democratas para enfrentar o senador republicano Mc Cain em Novembro.

http://www.elpais.com/articulo/internacional/Clinton/tendra/papel/estelar/junto/Obama/Convencion/Democrata/elpepuint/20080816elpepiint_8/Tes
As possibilidades dos democratas aumentam.
Entretanto TODOS, ou quase todos, os analistas americanos sustentam que a campanha de Barak Obama na Internet está a somar pontos contra a do senador Mc Cain. Este utiliza a net de modo passivo: publica a sua agenda diária de campanha e responde aos sites e blogs do adversário.
Aquele, o senador democrata, usa a net de modo pro activo, com sites e blogs atractivos, recrutando voluntários e apoiantes, recolhendo contribuições financeiras,nomeadamente, por esta via. O que pode querer, também, dizer: votantes!
Há já quem pretenda comparar o "modus operandi" de um e outro senador - com o confronto televisivo ente Kennedy e Nixon - que, como sabemos, foi favorável ao democrata.
Em Novembro logo se verá. Neste interime fica a subjectividade das análises e considerações.
JA

sexta-feira, agosto 15, 2008

Rafael Nadal: o tenista do povo e o melhor do mundo!


Hoje,nas meias-finais de Ténis, singulares, homens, em Beijing, Rafa Nadal, o meu tenista de eleição e admiração, derrotou, valentemente, o sérvio Djokovic.
Este feito valeu-lhe uma presença na final, que se disputa no próximo domingo.
Vai defrontar o chileno González que derrotou o americano James Blake, carrasco de Federer nos 1/4 de final, num encontro épico que durou mais de três horas e que terminou com o resultado de 11-9.
O jogo de Nadal, sem impressionar, jogado em condições climatéricas rudes (24 Cº e 80% de humidade) desgastado fisicamente (tinha jogado até à 1,00h de hoje os 1/4 de final) foi suficiente para bater o sérvio por 6-4,1-6 e 6-4.
Agora, toda a sorte do mundo para o melhor tenista mundial do momento e com o ténis mais consistente e vibrante dos últimos anos.
JA

Da teoria da "relatividade" das coisas, das culturas, das tradições, dos sistemas, das civilizações.

Sente-se, nos últimos dias , perante o "massacre" televisivo em torno das várias provas, eventos, noticias, incidentes dos e nos XIX Jogos Olímpicos, em Beijing um "afrouxar" nas criticas ao sistema, ao governo e à organização política praticada sob o controlo do Partido Comunista na China.

Isto deve ser levado a crédito dos organizadores do evento, que, com mérito, têm conseguido amaciar a opinião pública e ainda a publicada (veja-se o que ocorre na nossa blogoesfera), tanto em Portugal como no mundo.

Ele há mesmo postes que pretendem "relativizar" as coisas. Citam-se iniciativas de cidadãos chineses "não controladas" pelos comunistas no poder; associações de artesãos, reunidos em cooperativas; declarações de artistas que "fogem", "desviam" das normas marxistas...

Ele há mesmo quem, citando artigos de terceiros nos forneça informações sobre a economia chinesa e o seu comportamento "relativo" à dos USA. Ele há mesmo quem invoque o direito à diferença! Outros falam-nos da cultura multisecular dos chineses e blá, blá, blá, blá!...

Como é Agosto e o Verão nos convoca à preguiça, não vou nomear ninguém, nem nenhum blog, por que não me apetece entrar em polémica...só por isso.

Mas deixo-vos aqui um link, artesanal, porque ainda não aprendi a encriptar, que diz, preto no branco, em qualquer civilização, em qualquer país, em qualquer sistema político se deve praticar os direitos humanos e que são UNIVERSAIS, não podendo ser condicionados por nenhuns outros valores/direitos: culturais, tradicionais, religiosos, ideológicos e/ou mesmo civilizacionais.

http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/cidh-dudh.html

Leiam, ou releiam, esta Carta Universal dos Direitos Humanos, aprovada à saída da segunda guerra mundial pela Assembleia Geral das Nações Unidas e perceber-se-á o meu ponto de vista.

Quando se trata destes direitos, dos HUMANOS, não há lugar para a RELATIVIZAÇÃO! Não se pode MATAR em nome do ESTADO; não se pode prender sem culpa formada e sem a possibilidade de defesa; não se pode ser preso por delito de opinião; não se pode impedir o exercício do direito de associação; a Liberdade e as Liberdades devem estar inscritas em qualquer Constituição e de qualquer país: politica, religiosa, cultural, sindical. O direito à revolta e à manifestação são, estes também, UNIVERSAIS!

Onde é que os "relativistas" encontram justificação para os comunistas chineses violarem. constantemente, estes direitos fundamentais e humanos?

Em lado nenhum!

José Albergaria

quinta-feira, agosto 14, 2008

É Agosto. Os russos invadiram a Georgia. Beijing está a perder protagonismo noticioso!

As Nações Unidas realizaram, faz tempos, um enorme inquérito à escala internacional em torno duma só questão: Pode,se faz favor, dar-me a sua opinião sincera sobre as medidas a adoptar de modo a pôr fim à penúria de alimentos no resto do mundo?

O inquérito saldou-se por um rotundo fracasso.

Porquê?

Em África ignorava-se a palavra "alimento"; na Índia não se conhece o sentido da palavra "sincera"; na Europa não se percebe o sentido da palavra "penúria"; na China ignora-se o sentido da palavra "opinião"; no Médio-Oriente não se percebe o alcance da palavra "solução";na América do Sul não se utiliza, nem se percebe o sentido das palavras "se faz favor"; nos Estados Unidos ninguém sabe o que significa "resto do mundo".


Pois.

Isto é uma anedota e porque é Verão, e é Agosto, e estamos de férias.

Mas, como diz Pierre Assouline, que colocou esta "blague" no seu blog: "N’empêche : la blague est censée illustrer, à l’ère de la communication immédiate, permanente et transfrontalière, la difficulté à se parler entre des gens aux moeurs locales et aux mentalités séculaires profondément enracinées. "


De anedota em anedota até á verdade final!


Pierre Assouline/ nascido em Casablanca/Marrocos/Jornalista "Le Monde"/Critico literário




JA

"O Pó dos Impérios".











Os impérios afirmam-se, emergem, constituem-se, atingem o clímax quando combinam poderio económico, liderança tecnológica e supremacia militar.
Aconteceu assim com Roma, com Portugal e Espanha, com a Holanda e, num período largo, com a Inglaterra - desde os finais do século XVI até aos meados do século XX.
O império de Napoleão Bonaparte é outra coisa, singular, quase um epifenómeno, mas, ainda assim, Império!
Depois da segunda guerra mundial, os USA lideraram, a par com a URSS, num equilíbrio de terror nuclear, com uma coexistência "pacifica", com geografias de influência bem definidas.
Depois de 1986, com a implosão, a ocidente, do império eslavo - temos uma única potência imperial: os USA.
Hoje, o que está a acontecer?
Temos os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), aos quais se pode, na África austral, acrescentar a África do Sul, designadas por potências emergentes, a firmarem-se economicamente.
Veja-se o poderio produtivo, comercial e de mercado da China. A operação marqueteira em que se transformaram os XIX Jogos Olímpicos de Beijing aí estão para demonstrar a vontade férrea dos dirigentes chineses em mostrarem ao mundo o seu PODER ECONÓMICO.
Os USA enredaram-se em guerras ineficientes (Iraque e Afeganistão...), descobriram a guarda na América Latina, estão a perder, claramente, no extremo oriente e, actualmente, estão a ser desafiados no Cáucaso pela potência emergente, a Rússia, a única que pode "disputar" a liderança militar ao velho Leão estadounidense, ferido, a perder na economia, no sistema financeiro mundial e na liderança política.
Os dados ainda não estão todos lançados, mas que se sente, nos USA, o fim de festa, o encerrar do "império" - lá isso sente-se...
Quem virá disputar, seriamente, a liderança? Quem será a próxima potência imperial? Ou serão mais que uma, partilhando, ao modo do século XV/XVI, o mundo?
Sente-se, hoje com muita força, como o afirmou Charles de Gaulle, quando a França estava a apanhar pancada na Indochina, na Argélia e na África ocidental, ali pela década de 60 do século XX, " O PÓ DOS IMPÉRIOS"!
Isto é bom para o mundo? Não faço nem um pouco de ideia.
Contudo, o que sei é que a HISTÓRIA, tal rio caudaloso, corre sempre de montante para jusante, da nascente para a foz e, de modo geral, desagua no MAR imenso do nosso futuro, que, ao modo dos poetas, desejo que seja futurável para a humana Humanidade!
José Albergaria

quarta-feira, agosto 13, 2008

O Dalai Lama, lider do povo tibetano denuncia...

Em encontro com senadores franceses o líder espiritual do Tibete, ocupado militarmente pelos marxistas chineses, denunciou em Paris que o regime controlado pelos comunistas de Beijing não estão a respeitar, como se tinham comprometido, a trégua olímpica.

Veja AQUI http://www.elpais.com/articulo/internacional/Dalai/Lama/acusa/China/respetar/tregua/olimpica/elpepuint/20080813elpepuint_8/Tes. E ele há quem sustente que se trava uma campanha anti-chinesa, de contornos "xenófobos"!...

As autoridades chinesas encarregam-se, TODOS os dias de "os" ajudar!

JA

Para os chineses não há limites!

A Frente Nacional de Jean Marie le Pen, em França, entrou em colapso politico, moral e, sobretudo financeiro. Veja aqui http://www.liberation.fr/actualite/politiques/344800.FR.php o negócio que uma Universidade de Shagain efectuou (assinou já um contrato de promessa compra e venda...) com o FN para adquirirem a Sede desta formação política de extrema direita, situada em St. Cloud, perto de Paris,

Os chineses sempre foram bons negociantes. Agora, quase senhores do mundo...as perfomances estão a melhorar e, num mundo globalizado, já nem fronteiras ideológicas os travam!

Que viva Marx, que viva Lenine, que viva Mao Zé Dong e, neste caso, que não morra Jean Marie Le Pen!

JA

Que faria a Fenprof?

Le Monde publica uma reportagem do julgamento dum professor que foi condenado a pagar 500,00€ a um aluno que tinha brutalizado. Houve quem considerasse a sentença benévola. http://www.lemonde.fr/societe/article/2008/08/13/500-euros-d-amendes-pour-le-professeur-qui-avait-gifle-un-eleve_1083336_3224.html. Se tivesse ocorrido em Portugal, tal incidente e tal desfecho, o que diria a inenarrável FENPROF, sempre na defesa da escola Pública e da tribo dos professores.

JA

Certeiro...como quase sempre.

Pode encontrar aqui um texto de João Tunes a pretexto da possibilidade de obtermos, os nossos atletas, algumas medalhas:http://agualisa6.blogs.sapo.pt/1259217.html. nos Jogos Olímpicos de Beijing.

O que é interessante notar ainda neste poste (não sei se foi inadvertidamente que o fez...): a invocação de Alá! (oxalá: assim Alá o queira!).

Esta miscigenação...neste tão pequenino rectângulo...é no que dá.

Zé Albergaria

terça-feira, agosto 12, 2008

Afinal, até na cerimónia de abertura de Beijing 2008...havia truques!

O matutino Le Monde vem esclarecer que, afinal, a cerimónia de abertura dos XIX Jogos Olimpicos da Era Moderna em Beijing 2008, tiveram truques e ilusões...
Reproduz-se, integralmente e em francês o artigo do jornal Le Monde, assaz elucidativo:


"La cérémonie d'ouverture comportait des images truquées
LEMONDE 12.08.08

Impressionnante, la cérémonie d'ouverture des Jeux olympiques de Pékin l'était de l'avis de tous. Le grand secret qui entourait les préparations et les répétitions n'étant plus de mise, certains détails sur ce spectacle largement suivi vendredi commençaient à sortir, mardi 12 août, confirmant que le comité d'organisation chinois n'avait rien laissé au hasard.

C'est d'abord le directeur musical du spectacle qui a reconnu que la fillette chinoise qui a chanté lors de la cérémonie l'avait fait en playback, la vraie interprète ayant été remplacée pour des raisons esthétiques. C'est ensuite les organisateurs qui ont concédé mardi que le programme télévisé de la cérémonie d'ouverture comportait des images truquées et prémontées de feux d'artifice. Notamment celles de la spectaculaire scène d'introduction, dans laquelle des empreintes géantes de pieds s'inscrivaient dans le ciel, traversant Pékin vers le stade olympique. Les empreintes tracées par les fusées étaient censées être filmées en direct depuis un hélicoptère, mais "il se peut que des images de pieds précédemment tournées aient été utilisées en raison de la mauvaise visibilité", a précisé Wang Wei, le vice-président du Comité d'organisation des Jeux.

Selon le journal Beijing Times, les images ont été montées de façon artificielle grâce àu coûteux travail d'une société informatique spécialisée. Cette entreprise, Crystal fireworks, serait parvenue à simuler les mouvements de l'hélicoptère et à créer un faux flou censé être causé par le brouillard. "

E esta, hen?! Cá temos a escola das aldeias Potemkine na actualidade de Beijing!


JA

Vanessa Fernandes: uma campeã!

Hoje, pela manhã, no Radio Clube Português gostei, gostei mesmo muito, de ouvir a atleta (como dizia o locutor: a triatleta!)Vanessa Fernandes.

O jornalista perguntava-lhe "o que ela desejava para a prova olimpica". Vanessa respondia-lhe: " Já vou pensando na prova. O stress ainda não chegou, mas já penso na prova. O que posso prometer? A única coisa que sei que vou fazer é:sair a matar e chegar ao final a morrer!"

Esta é a promessa duma campeã.

Parabéns e, também, muita sorte, Vanessa Fernandes!

José Albergaria



segunda-feira, agosto 11, 2008

As aldeias Potemkine e o embuste de Beijing 2008


Os embustes, as encenações, as grandes e as pequenas, atravessam a História e a história dos povos.

Pedro o Grande e Catarina I mudaram a face da Rússia. Construíram, entre outras coisas a que viria a ser Petrogrado. Fizeram-no como tão bem denunciaram os socialistas revolucionários russos dos promórdios do século XX - com suor e muito sangue!


A herdeira deste trono, a notável Catarina II, a czarina, calhou-lhe em sorte um marido louco.

Teve pois que reconhecer como seu "homem" de confiança o arguto e inteligente primeiro-ministro Potemkine.

Este astuto homem de estado, para dar à czarina a ideia duma Rússia moderna, com uma agricultura avançada, preparava as viagens de comboio para Catarina II, decorando de véspera, as "frentes" dos campos junto á ferrovia com cenários de madeira e cor...Ficaram então, estas aldeias, a serem conhecidas como as aldeias Potemkine!

Leni Rienfenstahl ao tempo de Hitler criou, com a genialidade e o bem fazer que hoje se lhe reconhece, um Povo, um Partido, uma Nação que não existiam, mas que as suas imagens transfiguraram!

O realizador chinês Zhang Yimou não fez tanto quanto Rienfenstahl com a sua "cenografia" e as imagens que produziu para a Abertura de Beijing 2008, mas fez parecido: "escondeu" a verdadeira China contemporânea.

O que me espanta (ainda me surpreendo...), em Portugal, é as "perplexidades" hipócritas e puritanas do PCP e de alguns intelectuais orgânicos desse partido.

Faz tempos, de modo militante, consistente e severo, na teoria e na praxis, zurziam os marxistas portugueses do PCP, em dois desvios "letais" (afirmavam aqueles) para o Movimento Comunista Internacional: o "euro comunismo" de Berlinguer, de Carilho e de Marchais e o cisma chinês, não só o de Mao Ze Dong e do Grupo dos Quatro, ruralista, anti ocidente e anti tradições milenares, mas também contra os seus sucessores liderados por Deng.

Que eu saiba, aparentemente, NADA mudou na ideologia do PCP e, menos ainda, na dos comunistas chineses: continuam na via de Deng, aprofundando-a!

Então porque, pessoas cultas, eruditas, bem informadas, fazem "tábua rasa" do que escreveram, pensaram e sustentaram durante decénios contra os "divisionistas", os "revisionistas" chineses ao tempo de Kruchov, Brejenev, Andropov e, mesmo ainda, nos primórdios de Gorbachov? Que lutas tremendas se travaram na América latina, na África e um pouco na Europa - entre pró-soviéticos e pró-chineses?! Foram feitas por nada? Contra nada? Foram travadas há muito tempo? Não:há menos de 30 anos!

Uma coisa é a estética, a beleza dum acto, que vale de per si...mas para os cultores da beleza. Agora, para quem sempre defendeu a utilidade social da Arte...é de espantar que se fiquem por aí - perante a abertura dos Jogos de Beijing 2008!

Então os XIX Jogos Olímpicos da Era Moderna, a beleza do Acto Inaugural, a qualidade ímpar dos estádios, dos pavilhões, das pistas. do merchandizing, da organização, podem esconder o quotidiano da China e dos chineses? Podem esconder o social?!...Podem esconder o real? O marxista, claramente, dirá que NÃO!

Então, num passe de magia (ao modo das aldeias Potemkine) a China tornou-se numa sociedade moderna, progressiva, plural, democrata, livre, tolerante,como a mais prestigiada das democracias mundiais? E a pena de morte - decretada pelo mais tonto dos burocratas do PCC? E a prisão dum anónimo cidadão? E o trabalho "escravo"? E a poluição criminosa das indústrias? E o dumping social, com os ridiculos preços do trabalho assalariado? E o horário de trabalho? E as liberdades fundamentais? E os direitos humanos? E a feroz luta contra os internautas?...

Embuste, fábula, encenação, crime, igonominia, hipocrisia...é o mínimo que se pode dizer sobre o que se vai lendo e ouvindo.

Em abono da verdade deve dizer-se o que é.

Com a implosão da URSS e do seu império, o que ficou?

Na América latina quedou-se Cuba e, agora, umas experiências pouco ortodoxas (Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Chile, Argentina e Brasil...) que provocam desconfianças ao PCP. Na África?!...sobra pouca coisa. Ele há, recentemente, uma aproximação ao MPLA e a Angola.

Pois, então o que sobra? O extremo-oriente, liderado pela gigantesca China! Reparem que é nesta zona que se sente ainda a presença de Marx, Lenine, Estaline e etc: Laos, Cambodja, Coreia do Norte, Vietname e China!!!!

Pragmático, como sempre o foi, o PCP esquece "pequenas" querelas - para se "lançar" nos braços do partido irmão: o Partido Comunista da China!

Nem mais.

Isto vale TUDO!Isto vale bem um MISSA! Até duas, camaradas!

José Albergaria

PS - As fotografias: 1/ Leni Rienfensthal; 2/Zhang Yimou.

sábado, agosto 09, 2008

Troco Istambul por Beijing.




O El País de hoje publica um interressantíssimo artigo sobre a Turquia de
"NEDIM GÜRSEL
Estambul, 'mon amour'

Estambul será capital cultural de Europa en 2010, lo cual podría parecer paradójico para la capital de los sultanes otomanos, pero también para la ciudad de Pierre Loti, el cantor de Estambul, que proyectó sus propios fantasmas sobre una Turquía que él deseaba oriental. Estambul hizo soñar tanto a los europeos a finales del siglo XIX, como la Puerta de Oriente o la Sublime Puerta -nombres que se le daban en la época-, que hoy nos resulta difícil concebirla fuera de su mito. Sin embargo, a caballo entre los dos continentes y las dos orillas del Bósforo, esta megalópolis de casi 15 millones de habitantes, que no deja de extenderse y desarrollarse y ha sido golpeada de nuevo en los atentados de julio, reclama su lugar entre las ciudades europeas
La UE y Turquía se aman y, a la vez, se rechazan y se desgarran. Es una relación pasional Europa acaba de integrar a Bulgaria y Rumania, dos países cuya historia ha estado unida a la turca-
Cómo evocar en unas cuantas palabras mi ciudad bien amada, que me ha seguido por todas partes y cuyo recuerdo está grabado para siempre, como un hierro al rojo vivo, en mi memoria. Estambul, que se llamó también Lygos, Bizancio, la Nueva Roma, la Puerta de la Felicidad, la Mansión del Califato, la Sublime Puerta, "viuda aún virgen tras mil esponsales" según Tevfik Fikret -un poeta airado turco de principios del siglo XX-, la ciudad por excelencia que no he dejado de cantar en mis libros. En París, al despertarme de un sueño, a la luz de mi lámpara que caía sobre las hojas en blanco, o en otros lugares, durante mis interminables viajes por todo el mundo, me he encontrado a menudo con Estambul. No era un recuerdo punzante que me rondaba, ni un pesar, sino una ciudad real en la que había "destruido mi vida", como dice Kavafis, el poeta griego de Alejandría cuya familia procedía de la ciudad turca: "Lugares nuevos / no encontrarás, / ni otros mares; / la ciudad te seguirá". Y la ciudad me siguió. Ahora que tengo otra vez la posibilidad de volver a ella tras años de exilio, rozar sus tres mares y los remolinos del Cuerno de Oro, acariciar sus torres, sus cúpulas, sus minaretes, frotar mi rostro contra sus murallas, sus muros ennegrecidos, besar las dos orillas del Bósforo en forma de labios entreabiertos, escalar sus colinas y sus torreones, descansar a la sombra de sus plátanos tras todos esos retozos amorosos, ahora que puedo poseerla y penetrarla otra vez tras una ausencia tan larga, ¿qué puedo decir de ella sino el deseo insatisfecho que siento por esa "viuda aún virgen tras mil esponsales"?
Es curioso que esta metáfora adquiera todo su sentido en otro escritor, francés por añadidura, que no canta como Pierre Loti a la ciudad oriental, sino que la describe como una cantante "cubierta de gloria": "He aquí, pues, esta ciudad, con la que soñaba a los 19 años a través de los numerosos escritores franceses, con Nerval a la cabeza, que la describen. He aquí, pues, a esta vieja cantante cubierta de gloria y joyas, a la que veo desde mi ventana. Otra más que se niega a que le hablen de su edad y su pasado. Es totalmente joven. Ha cambiado de nombre. Está empezando".
En efecto, Estambul está hoy empezando en su traje nuevo de estrella europea. Y la metáfora de la "vieja cantante", también es apropiada para la Europa que se va construyendo ("llenándose de aire e hinchándose", debería decir) mientras se amplía. Tal vez sea todavía virgen tras mil esponsales y se prepare, con Turquía, para el milésimo primero. Pero las cosas no son como en los cuentos de Las mil y una noches, y las dos partes (la Unión Europea con sus 27 Estados miembros, de un lado, y del otro Turquía, con sus defectos y sus cualidades) se aman y, al mismo tiempo, se rechazan y se desgarran. No se trata de galanterías, sino de una verdadera relación pasional cuyo final es aún incierto.
Para regresar a la ciudad, diré que yo también, como Jean Cocteau, la he contemplado a menudo desde mi ventana y me he sentido deslumbrado por su famosa silueta de minaretes y cúpulas de color ceniza. Sin embargo, cuando llegué de Anatolia a los 12 años para estudiar en el instituto de Galatasaray, no vi esa silueta, el perfil de cúpulas y minaretes sobre el horizonte que hizo decir a Jean Thévenot que "era la situación más bella del mundo" y que Chateaubriand, Lamartine, Nerval y Gautier ya describieron antes que Loti. Lo que yo vi, mientras el barco se acercaba al puerto, fue una masa oscura en la bruma que adoptaba la forma de un monstruo surgido de la mar. Entonces cerré los ojos para no ver el rostro inmenso de aquella bestia de colmillos acerados ni el resplandor de las temibles llamas que salían de su gaznate. Luego, la ciudad me engulló durante mis años de adolescencia, de los que hablé largo y tendido en una novela, La Première femme, para cuya edición española escribió un prefacio mi amigo Juan Goytisolo.
Pasaron los años. Y antes de escribir Le roman du conquérant, yo no sabía nada sobre las peripecias de la caída de Constantinopla ni los incontables combates que hubo que librar para que la ciudad se rindiera. Ignoraba que, a principios de siglo, el temible cañón fundido por Orban fue arrastrado con gran esfuerzo por 50 pares de bueyes y 400 artilleros hasta la puerta de Kaligaria, y allí estalló, volatilizando a quienes se encontraban alrededor, después de haber lanzado varios disparos que abrieron profundas brechas en las murallas.
Tampoco había oído hablar de las noches desesperadas de Mehmet II, de sus pesadillas -¡sí, sus pesadillas!-, de la tenacidad de Zaganos Pachá, que permitió la prolongación del asedio, del diluvio de flechas, balas y piedras que se abatió sobre el ejército otomano, de los cadáveres de los jenízaros amontonados en los fosos al pie de las murallas. ¡Cómo podía saber algo acerca de la enorme cadena de varias toneladas que los sitiados tendieron entre las dos orillas del Cuerno de Oro, a la altura de Galata, para rechazar a la flota otomana, ni el apoyo que dieron a Bizancio genoveses y venecianos, ni el misterioso fuego griego que incendiaba hasta las olas!
Sólo años después, lejos de Estambul, pude por fin conocer la historia de mi ciudad, gracias a los libros que devoré en la biblioteca de la Sorbona, y escribir esa novela. Y si hablo hoy de su conquista, de su historia reciente en relación con el reino milenario de Bizancio, es para denunciar ese mito fundador que todavía revindican algunos nacionalistas.
Éstos, frente al rechazo de Turquía por parte de la mayoría de los europeos, son por desgracia cada vez más numerosos. Estambul será pronto la capital cultural de Europa, y sería una paradoja, incluso una incongruencia, prepararse para la ocasión en un espíritu de conquista y orgullo nacional.
¿Qué sería hoy de Europa sin Estambul, cuando acaba de integrar a Bulgaria y Rumania, dos países cuyo destino ha estado tanto tiempo unido al de Turquía? Convertida en la ciudad más poblada del continente, construida en la encrucijada de dos mares y dos civilizaciones, a caballo entre Oriente y Occidente, la antigua capital de los sultanes sigue atrayendo, como en la época gloriosa del imperio otomano, a las poblaciones de los países vecinos, mientras otras ciudades europeas pierden habitantes y resultan aburridas en comparación. Después de haber visitado todas las capitales europeas, entre ellas, las de los países bálticos, no puedo dejar de pensar en el futuro de una Europa que deje a Estambul fuera de sus fronteras. Eso significaría rechazar una parte importante de su patrimonio histórico y cultural. Sin esta megalópolis efervescente que no deja de desarrollarse y europeizarse y, al mismo tiempo, conserva el legado de su pasado imperial, la vida ciudadana sería muy triste en una Europa envejecida."

Nedim Gürsel es escritor turco y director de investigaciones en el Centro Nacional de Investigaciones Científicas"

JA
PS - As fotos: 1/ A Mesquita Azul e Mustafa Kemal Ataturk, fundador do estado laico turco moderno.