sexta-feira, março 23, 2007

Ainda a "velha" senhora: A Amizade!


Esta senhora, de quando em vez, tropeça, ensarilha-se, enrola-se e, por vezes, coloca-nos embaraços quase metafisicos.


Isto vem a pretexto de situações,que ocorrem, quando menos esperámos e que são, por surpreendentes - deveras singulares.


Dum modo geral, os meus amigos pautam-se por um muito razoável despojamento em relação aos bens materiais, uma serenidade de "velhos" sábios quando às grandezas e misérias das humanas gentes, uma relativização absoluta quanto a variabilidade das "verdades" e, sobretudo um enorme apaziguamento quanto às CAUSAS DOS POVOS!


Têm,contudo, um outro enorme "defeito": já não cultuam vaidades pessoais, nem fisicas nem intelectuais.


Ora isto é verdade para quase todos eles, mas, de quando em vez, lá tropeçámos NUM que descarrila, que se deixa adormecer nos braços da vaidade e de algum quase adormecimento intelectual.


A pretexto de quê? Vá-se lá saber!...


Outro dia recebemos, tivemos entre nós, um notável "velho", dum imenso saber e de um despojamento duma vida inteira: o Edmundo Pedro.


Sempre que a sua consciência lho ditava, lá deixava tudo para trás: mulher, filhas, emprego, negócio, o que fosse.


Esta "destemperança" pagou-a, não raras vezes, no tempo do fascismo, com a prisão, com a tortura, com a perda da liberdade, da sua liberdade.


O convivio que com ele tivemos, na tertúlia de geometria variável, foi de mor satisfação: pessoas reencontraram-se, afectos andaram no ar, memórias alegres e bisonhas cruzaram-se para alegrarem a "velha" senhora, a Amizade!


É por estas coisas aconteceram que, cada vez mais, insistentemente, acredito no VALOR absoluto da AMIZADE e dos AMIGOS que, como mo disse um, recentemente: "Os amigos são como as árvores: se andarmos em torno duma árvore, ela encará-nos sempre de frente. Tal e qual os amigos e a amizade".


Albergaria

quinta-feira, março 01, 2007

Pequenina crónica de tempos revoltos


Há momentos em que nos assalta um sentimento estranho de perplexidade, de estupefacção, de perturbação, face a comportamentos, a silêncios, a atitudes, a actos, a acções e/ou omissões, aparentes ou reais, a situações difusas, mal percebidas, apenas entreabertas ou claramente perceptíveis.


Isto vem a propósito duma experiência recente, vivida entre amigos, construtores numa mesma "fraternitas".


Uma decisão, insuficientemente explicada e explicitada, provocou-me uma imensa vontade, necessidade e urgência de provocar uma ruptura, não só epistemológica, mas consistente, substantiva, funcional e, porventura, sem eu me dar conta de tal, até organizacional.


Isto foi construido, por mim, a partir dum certo ângulo de visão, numa perspectiva racional, assente em pressupostos quase inabaláveis e desenvolvido com uma lógica interna coesa, irreductível e quse inatacável.


Mas, e os "mas", no processo histórico, são, de quando em vez,decisivos e determinantes, olvidei-me da dimensão dos "afectos" que incorporam, SEMPRE, as "fraternitas". Erro grosseiro e sem remédio.


Os afectos, os de sinal positivo e os outros, de sinal contrário, quase que submergiram, por completo, a iniciativa "oposicionista".


Lição n.º 1

Nunca, nas "fraternitas" se deve olvidar os afectos, o calor dos sentimentos e a sua eficiência nas dinâmicas grupais;

Lição n.º 2

Nunca devemos assumir "absolutos". A nossa "verdade" nunca deve ser confundidda com a VERDADE.

Lição n.º 3

A humildade nunca fez mal a ninguém, nem à saúde, nem à psique.

Lição n.º4

Deve-se SEMPRE considerar e ter em conta as lições n.ºs 1, 2 e 3.


Contudo, mesmo quando, por impossibilidade material e espiritual, não detemos, nem TODA a verdade, nem a VERDADE, sabe MUITO bem tropeçármos na AMIZADE dos amigos!


Albergaria